Start-ups de Berlim: Encriptação para todos

Fevereiro 10, 2015 • Média e política, Negócio • by

Berlim transformou-se numa meca para tecnólogos rebeldes, num país já sensível acerca da segurança e proteção de dados. Alguns dos maiores aliados de Snowden – a realizadora de Citizenfour, Laura Poitras, o ativista de internet Jacob Appelbaum e Sara Harrison, jornalista britânica e da Wikileaks – chamam agora à cidade a sua casa no exílio. Criptomoedas como o Bitcoin, que permite aos utilizadores fazerem transações, sob pseudónimo, sem serem reguladas por um banco ou autoridade centrais, tem uma das maiores bases de utilizadores em Berlim. Por isso, não admira que algumas start-ups focadas na encriptação de comunicações, especialmente smartphones, estejam sediadas na capital alemã.

A encriptação é um tema escaldante na União Europeia. No mês passado, David Cameron, o primeiro-ministro britânico, propôs a proibição da encriptação para, segundo ele, aumentar a segurança nacional. E advertiu que serviços populares de mensagens encriptadas como o WhatsApp e o Snapchat podem ser utilizados por terroristas. Espera-se que esta semana, o chefe de anti-terrorismo da União Europeia, Gilles de Kerchove, recomende que as empresas de internet ajudem os serviços de segurança a aceder a chamadas e emails encriptados.

Abaixo encontra-se uma lista parcial de apps de partilha encriptada de dados, sediadas em Berlim – que são úteis e podem ser utilizadas por qualquer pessoa, desde jornalistas aquelas que se preocupam com privacidade.

Wire: apoiada pelo cofundador da Skype Janus Friis, Wire é a mais recente app de comunicações móveis em Berlim e, tem mais uma característica, também funciona em tablets e desktops. A sua sede é na Suiça, mas cerca de 65% dos seus empregados estão em Berlim, e todos os seus servidores estão na União Europeia. “Queremos estar sediados na Europe, onde as rigorosas leis de proteção do consumidor asseguram que a informação pessoal dos utilizadores é recolhida, armazenada, utilizada e partilhada de forma responsável”, afirmou, por email, Jonathan Christensen, o CEO da Wire. As parcerias com o Sound Cloud e o Youtube permitem a partilha de mensagens, fotos, música e vídeo, através da app. Para chamadas, a empresa oferece encriptação end-to-end (SRTP), e TLS (Transport Layered Security, um protocolo de encriptação) para media e mensagens dos clientes para os servidores. No entanto, a informação fica nos servidores da empresa quando os utilizadores desativam as suas contas. A app vai ao encontro da tendência das apps de comunicação com mais funcionalidades complexas, afirmou Christensen. “O messaging e as comunicações digitais estão a evoluir dos silos puramente funcionais (como chamadas ou sms) para ‘hubs’ mais robustos e estéticos”, escreveu. “À medida que as pessoas estabelecem relações em rede com as pessoas com quem se preocupam, querem utilizar o contexto de conversação em qualquer modalidade e em qualquer dispositivo”.

Telegram: Situada na cloud, a Telegram sincroniza-se, sem problema, com todos os dispositivos: smartphone, tablet ou PC. Permite um número ilimitado de mensagens, fotos ou ficheiros de qualquer tipo. Um serviço gratuito, sem fins lucrativos, sediado em Berlim, comprometem-se a não vender informação pessoal para fins publicitários. Para utilizadores particularmente paranoicos, os chats secretos especiais da Telegram usam encriptação end-to-end, não são armazenados nos seus servidores, permitem mensagem que se autodestroem e proíbem o reencaminhamento. Estas mensagens particularmente sub-reptícias não são armazenadas na cloud, de forma a só poderem ser acedidas através do dispositivo de origem. A empresa é tão segura do seu trabalho que pagará 300 mil dólares, através de uma competição, a quem consiga violar as mensagens encriptadas da Telegram.

Telekom e GSMK: Os grandes clientes empresariais privados da Deustsche Telekom, não têm de se preocupar que os seus telefones sejam pirateados, graças a uma app de encriptação lançada pela gigantesca empresa em agosto de 2014. Desenvolvida pela GSMK (Society for Secure Mobile Communication), empresa especializada em encriptação sediada em Berlim, a app permite aos utilizadores enviar mensagens de texto e voz encriptadas em países que bloqueia os serviços de voz através da internet. A versão para telefones Android e iOS funciona com qualquer operador de telecomunicações , mesmo com cartão SIM, através de uma ligação Wi-fi ou satélite. Como só precisa de 4.8 Kbps para funcionar, a app da Telekom deverá também funcionar em zonas com fraca cobertura de internet.

Shoutr: A falta de ligação Wi-fi não vai atrapalhar a app super-high tech Shoutr. Permite que os utilizadores partilhem dados em qualquer lugar – “no metro, no estrangeiro, até na Lua “, como eles anunciam no seu site – através de telefones Android. Utiliza encriptação WPA2 para que, como a Telegram, os dados não sejam enviados para a cloud. Um pin com quatro dígitos protege cada conta, mas os utilizadores também podem optar por tornar pública a sua informação. Esta app está atualmente disponível para Android, a primeira escolha mais popular para muitas das app encriptadas, e terá versões para Apple e Microsoft em breve.

Zenmate: Inicialmente só estava disponível para PCs, a app permite que os utilizadores encriptem não só as suas mensagens, mas todo o tráfego dos seus smartphones. A vencedora do prémio Europas 2014 para a melhor Start-up na área da privacidade/segurança, grande parte do crescimento inicial da Zenmate foi em países com acesso condicionado à internet, como a China e o Irão, mas ultimamente teve um surto de crescimento na Europa e nos EUA. Uma das suas mais conhecidas características é permitir que os utilizadores escondam os seus endereços IP, mostrando a sua localização como “em qualquer parte do mundo”. Inicialmente disponível como um plug-in do Google Chrome, agora já está disponível para as plataformas Android e iOS.

Créditos da fotografia: Flickr Creative Commons: Yuri Samoilov

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