Serviços de videoconferência e streaming de vídeo foram os que mais cresceram durante o confinamento

Agosto 7, 2020 • Literacia dos Média, Média e política, Últimas • by

Um quinto dos portugueses subscreveu algum serviço de informação ou entretenimento online de que não dispunha antes da pandemia, segundo um inquérito realizado pelo OberCom e a Intercampus. O estudo mostra que, sobretudo o confinamento, provocou mudanças nos padrões de consumo dos média, com diferenças significativas a nível geracional.

Os serviços de streaming de vídeo como Netflix e HBO viram seus subscritores aumentar, pois 40,7% dos portugueses que subscreveram um novo serviço online aderiram a alguma destas plataformas, enquanto 11,9% subscreveram algum serviço de streaming de música, e 8,9% dos novos subscritores passaram a pagar por notícias em formato digital. De salientar a elevada taxa de retenção destes produtos, já que 84,4% dos que subscreveram algum serviço dizem que não irão cancelar algum destes novos vínculos comunicacionais.

Mas o consumo que sofreu maiores mudanças foi o de serviços de videoconferência, com 55,5% dos portugueses a afirmar que entre os seus consumos mediáticos este foi o que mais se alterou, com cerca de 91% a afirmar que utilizou mais estes serviços durante o confinamento do que antes. Este aumento e utilização mais intensiva compreende-se pelo aumento do teletrabalho e também das aulas online, que acabaram por ser opção para universidades e escolas de todos os graus de ensino.

Os consumos de media mudaram de forma muito significativa, independentemente do seu grau de conetividade. Consulta de notícias online, utilização de plataformas de streaming, visualização de televisão e serviços de videoconferência, entre outros, registaram durante o confinamento aumentos exponenciais de utilização. Por outro lado, a utilização de rádio tradicional e leitura de jornais impressos foram particularmente afetados pela negativa, sendo claro que o digital ganhou um papel preponderante nas dietas mediáticas dos portugueses.

Diferenças geracionais Pandemia e consumos mediáticos

Os padrões de consumo de media são tradicionalmente diferentes, e este inquérito vem mostrar essa realidade atualizando-a à luz da pandemia. Na análise por gerações, e analisando as dinâmicas de adesão a novas práticas por GenZ (16-23), Millennials (24-37), GenX (38-56) e Boomers (57 e +), observa-se que houve, durante o período de confinamento, um aumento do consumo em termos de diversidade por parte de todas as gerações. No entanto, e não obstante as especificidades de cada uma, as gerações mais jovens aderem em maior proporção a diferentes práticas e formatos de media.

Os portugueses da GenZ são os que mais alteraram os seus hábitos de consumo de media, com mais de metade a afirmar que viram mais conteúdos em plataformas como a Netlflix e HBO, e mais de 4 em cada 10 começaram a usar mais serviços de videoconferência. De salientar que o aumento de utilização de serviços de videoconferência foi transversal a todas as gerações, com aumentos significativos (GenZ – 44,4%; GenX e Millennials – 54,5%; Boomers – 43%).

Fontes mais utilizadas para aceder à informação

Entre as fontes mais utilizadas para informação sobre a Covid19 destacam-se os motores de busca (utilizados por 31% dos inquiridos) e o Facebook (usado por 20%). O Instagram foi mais utilizado que o Twitter durante o confinamento (4,1% e 1,4%, respetivamente), demonstrando a importância que a rede do universo Facebook está a ganhar, ao tornar-se mais usada em Portugal do que a rede de micro-blogging.

Partilha e consumo de informação

Durante o período de confinamento, os portugueses partilharam com os seus grupos de amigos (por exemplo, através de WhatsApp) notícias, edições digitais de jornais ou podcasts com frequência. Também a atividade nas redes sociais, através de posts ou comentários, foi mais frequente durante o período de confinamento que no pós-confinamento. Mas salienta-se o facto de um número considerável afirmar que raramente ou nunca faz esse tipo de partilhas (38,6% durante o confinamento, e 41% após o confinamento).

A leitura de artigos de opinião intensificou-se durante o confinamento, sendo dada preferência a artigos de opinião partilhados por marcas de notícias no Facebook, com base em informação prestada por especialistas como investigadores ou epidemiologistas.

Quando questionados sobre que produto escolheriam caso lhes fosse oferecida uma subscrição gratuita, 27,8% dos portugueses optariam por um serviço de streaming de vídeo, como Netflix ou HBO, 18,5% optariam por canais premium disponíveis no seu serviço de televisão paga e 9,7% por software ou aplicações com fins educativos. Notícias em formato digital seriam a escolha de 7,1% dos inquiridos.

Desinformação e dúvidas

Os portugueses dizem ter encontrado conteúdos desinformativos em maior grau durante o período de confinamento (71,6%) do que no pós-confinamento (54,7%). Esta diferença poderá estar relacionada com o facto de os portugueses terem estado mais ligados e atentos aos seus canais de comunicação, e não com a existência de menos conteúdos desinformativos.

Perceber o que é verdadeiro ou falso sobre o Coronavírus está bem patente quando 43,6% dos inquiridos dizem ter esta dificuldade, e mais de um terço dos portugueses dizem evitar notícias sobre a situação (36,4%). A maioria discorda que a comunicação social esteja a exagerar a gravidade da pandemia (42,5%), e apenas 23,7% dos portugueses dizem estar confusos quanto ao que podem fazer em resposta à crise causada pela Covid19.

 

Ficha técnica
Enquadramento
O estudo Pandemia e Consumos mediáticos foi realizado pela Intercampus e pelo OberCom – Observatório da Comunicação com o objetivo de conhecer o comportamento e a opinião dos portugueses sobre o consumo de media durante a pandemia causada pelo vírus Covid19.
Universo
População portuguesa com 16 e mais anos de idade, residente em Portugal Continental.
Amostra
A amostra é constituída por 1008 indivíduos e estratificada a três níveis (Género, Idade e Região). Em termos de caracterização 52,9% são do género feminino e 47,1% do masculino. A distribuição etária é a seguinte: 16-17=3%, 18-24=5%, 25-34=17%, 35-44=18%, 45-54=17%, 55-64=14% e 65 e mais=21%. 36% dos inquiridos residem na região Norte, 24% no Centro, 29% em Lisboa, 7% no Alentejo e 5% no Algarve.
Recolha da informação
A informação foi recolhida entre finais de junho / Inícios de julho de forma mista através de entrevistas online (CAWI – Computer Assisted Web Interviewing) e telefónicas (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing). O questionário foi elaborado pela Intercampus e pelo OberCom – Observatório da Comunicação.
Estiveram envolvidos 21 entrevistadores, devidamente treinados para o efeito, sob a supervisão dos técnicos responsáveis pelo estudo. Os trabalhos de campo decorreram entre 20 de Junho e 3 de julho de 2020.
Margem de erro
O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de 3,01%.

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