Por: Rita Glózer

As tendências determinantes do atual ambiente mediático impactam significativamente toda a economia de produção e consumo de notícias e o jornalismo como profissão de forma indireta. Devido à expansão dos processos de digitalização e convergência, a popularidade das redes sociais aumentou. As notícias estão a ser consumidas cada vez mais online, muitas vezes através de redes sociais, incorporadas no consumo diário de media e adaptadas às necessidades do utilizador, à medida que vão proliferando os dispositivos portáteis inteligentes.

Esta mudança no consumo de media e no desenvolvimento tecnológico está a ameaçar as fronteiras do jornalismo, e muitos investigadores encaram esta transformação resultante como um trabalho de fronteira ou mesmo uma luta de fronteira (Carlson e Lewis, 2015; Boesman e Costera Meijer, 2018). Como parte dessa luta, as redações estão a transitar das plataformas jornalísticas tradicionais para as redes sociais. No entanto, este é um território completamente novo e desconhecido, tanto em termos da prática da redação como nas competências tradicionais dos jornalistas.

Para reunir as melhores práticas e ter uma ideia das competências jornalísticas necessárias nesta área, entrevistámos os principais jornalistas em redações da Hungria, Chéquia, Roménia, Portugal, e Alemanha, como parte do projeto NEWSREEL2 – Novos campos de ensino para a próxima geração do projeto Jornalistas. As entrevistas centraram-se na utilização das redes sociais, incluindo os objetivos, ferramentas e estratégias utilizadas na produção e divulgação de notícias nas redes sociais em geral, e no Instagram em particular.

Desafios diferentes, soluções semelhantes

A produção de conteúdo para redes sociais está a demonstrar ser uma ferramenta estratégica importante para o serviço público, media privados e comunitários em termos dos seus próprios objetivos e mercados específicos, de acordo com as entrevistas. As redações entrevistadas enfrentam desafios que, em parte, são diferentes. Assim, ao entrar nas redes sociais com as suas contas profissionais, adotam a mesma estratégia e ferramentas para atingir objetivos muito diferentes.

O principal problema para a marca de notícias de serviço público de longa data na Alemanha prendia-se com a elevada idade média do seu público, ao mesmo tempo que tentavam atingir os segmentos de público jovem.

Para o emergente portal de notícias da oposição na Hungria, baseado na comunidade, o desafio é aumentar o alcance do público e entrar na rotina diária de consumo de notícias dos seus leitores.

Para uma televisão privada em Portugal, a questão principal é como interligar de forma efetiva a televisão e as plataformas digitais.

Este artigo foi originalmente publicado no blogue do projecto Newsreel 2: ver aqui.

Foto: Pixabay