O novo estudo do OberCom, “O jornalismo e as agências de notícias: o desafio das redes sociais”, publicado em Janeiro de 2016, pretende dar resposta a uma série de lacunas observadas pelos investigadores na área do jornalismo, no que respeita à relação entre consumidores de notícias, profissionais de jornalismo, e agências noticiosas.
A abordagem passa por perceber em que situação se encontram as agências de notícias, num contexto de maior competitividade e de novos actores que vêm disputar nichos de mercado que anteriormente eram um exclusivo das agências de notícias.
Entre os mais importantes focos de conflitualidade, encontram-se os media sociais, um recurso ao dispor não apenas dos consumidores, mas também dos profissionais jornalistas.
Entre os diversos casos elencados no estudo, verifica-se uma certa ambivalência no que diz respeito à forma como os novos paradigmas e catalisadores de mudança são encarados. Por um lado, essa mudança é vista como um desafio, mas é esse desafio que gera nas principais agências de notícias e títulos de imprensa a turbulência organizacional necessária para gerar oportunidade.
Contrariamente ao que se pensa, e um pouco no sentido daquilo que já acontece em muitas redacções, há muita inovação a ditar a visão estratégica das grandes agências noticiosas. Muitas agências noticiosas e títulos de imprensa começam hoje a integrar nos seus serviços formas mais ágeis de chegar à notícia; formas mais rápidas e simples de gerar narrativa, com a utilização de bots; maneiras mais concretas de utilizar as redes sociais para benefício próprio e para antecipar a elaboração da notícia, ou até mesmo como fonte; serviços de geolocalização, data-mining, etc.
Tirando partido de dois estudos auxiliares (ERC 2014 – Públicos e Consumos de Média; Inquérito OberCom 2015 – Notícias, Jornalismo e breaking News), verificou-se que cada vez mais consumidores assumem como prática o consumo de notícias online, a partir do uso de redes sociais, por exemplo, e cada vez mais jornalistas integram nas suas práticas diárias o uso destas redes sociais para acesso a fontes e novas notícias.
O futuro do sector em geral e das agências de notícias em particular, parece caminhar no sentido de preservar a sua singularidade, factor de distinção num sector cada vez mais competitivo e estandardizado, mas tendo como certo que a sua sustentabilidade será ditada a partir da convergência entre os modelos online e tradicional e pela celeridade, antecipação e ubiquidade em chegar à notícia, seja em que contexto for e a que ritmo ela aconteça.
Fotografia: Alan Reeves – Flickr