Os jornalistas portugueses têm em média quase 40 anos, concentram-se na maioria em Lisboa e têm frequência universitária. São muito equilibrados em termos de distribuição por sexo e de terem uma relação conjugal.
Estes dados sócio-demográficos são os primeiros resultados de um alargado inquérito aos jornalistas em Portugal, desenvolvido por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e o Obercom.
Os dados indicam que há quase tantas mulheres como homens a exercer a profissão, e que em média têm 39,9 anos. Por comparação com o primeiro estudo sociológico sobre a atividade jornalística em Portugal, publicado em 1988 pelo professor Paquete de Oliveira, os jornalistas são agora ligeiramente mais novos.
Em 1987, ano a que se referem os dados analisados em “Elementos para uma Sociologia dos jornalistas portugueses”, a idade média dos jornalistas portugueses (calculada a partir dos pontos médios de cada escalão etário) era ligeiramente inferior aos 41 anos, ou seja, cerca de um ano mais velhos do que em 2016.
Na atualidade, pouco mais de metade está numa relação conjugal, mas os jornalistas têm uma escolaridade superior à média nacional, com quase 80% a terem pelo menos frequência universitária. Este dado é quase o dobro do registado em 1987, quando apenas 39,8% dos jornalistas tinham chegado à universidade.
A área metropolitana de Lisboa emprega quase dois terços dos jornalistas portugueses, e quase metade dos restantes trabalha na região Norte. Segundo o trabalho do professor Paquete de Oliveira, em 1987 a região de Lisboa concentrava cerca de 80% dos profissionais, o que denotava “um concentracionismo geográfico com epicentro em Lisboa”.
O principal objetivo do inquérito é analisar as condições laborais dos jornalistas portugueses, conhecer a diversidade de percursos e perfis jornalísticos e identificar os principais constrangimentos e desafios que se colocam ao exercício da profissão de jornalista.
O inquérito “Os jornalistas portugueses são bem pagos? Inquérito às condições laborais dos jornalistas em Portugal” é composto por 78 perguntas e foi respondido por quase 1600 jornalistas, entre 1 de maio e 13 de junho de 2016, tendo sido validadas 1491 respostas. A equipa de investigação do CIES-IUL é composta por Gustavo Cardoso, Joana Azevedo, Miguel Crespo e João Sousa.
Os resultados globais serão apresentados no 4º Congresso dos Jornalistas, a realizar no Cinema S. Jorge, em Lisboa, entre os dias 12 e 15 de janeiro de 2017.
Em detalhe:
Sexo
Os jornalistas portugueses são ainda maioritariamente homens, apesar da feminização da profissão, mas a diferença por sexo é já muito reduzida (51,8% de homens, contra 48,2% de mulheres). Neste campo houve uma acentuada feminização da profissão nas últimas três décadas, visto que em 1987 80,2% dos jornalistas eram homens e, portanto, apenas 19,8% mulheres.
Em termos etários, os jornalistas portugueses têm, em média, 39,9 anos, com 84,3% entre os 25 e os 54 anos. Destaca-se que 38% estão a faixa etária 35-44 anos, com os grupos adjacentes (25-34 e 45-54) a representar, cada um, mais de 20%. Curiosamente, não há grandes diferenças em relação aos dados de 1987, quando 85,4% tinham entre 26 e 55 anos, e 35,6% pertenciam à faixa etária 36-45 anos.
Os mais jovens (menos de 24 anos) representam apenas 6,6%, o que se poderá pensar ser consequência da atual conjuntura dos media, que dificulta a entrada na profissão. Mas em 1987 apenas 4,2% dos jornalistas tinha idade igual ou inferior a 25 anos, pelo que há agora cerca de mais 50% de jovens jornalistas do que há quase 30 anos.
No extremo oposto, verifica-se existirem apenas 9,1% de jornalistas com 55 anos ou mais, o que denota um abandono precoce da profissão. Em 1987, eram 10,4% os jornalistas com mais de 56 anos.
Quase metade dos jornalistas não têm uma relação conjugal (47,8%), dos quais 37,9% são solteiros. Os restantes 52,2% são casados (34,9%) ou vivem maritalmente (17,3%).
Os jornalistas portugueses têm uma escolaridade superior à média nacional, com 79,6% a terem pelo menos frequência universitária. A maioria (64,7%) só frequentou ou completou um bacharelato ou licenciatura.
Isso significa que apenas 13,4% chegou ao mestrado, e só 1,5% ao doutoramento. No polo oposto, há 20,4% que apenas frequentou o ensino secundário.
Em 1987 apenas 39,8% dos jornalistas tinham chegado à universidade, e só 15,2% tinham completado uma licenciatura.
A área metropolitana de Lisboa é onde quase dois terços dos jornalistas portugueses exercem a sua profissão. O facto de quase todos os grupos de comunicação social terem as suas sedes na Grande Lisboa e de ser a capital do país contribuem de forma determinante para esta concentração. Em 1987 eram cerca de 80%, pelo que se verificou alguma descentralização.
Destaca-se, no entanto, que a região Norte tem um sexto (16,6%) dos jornalistas portugueses, e o Centro 8,4%. Os restantes 11,2% distribuem-se pelas outras regiões do continente, regiões autónomas e estrangeiro.
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