Uma das prioridades do recém-eleito partido de esquerda SY.RIZ.A, na Grécia, é proceder à reforma do panorama mediático do país. O governo liderado pelo SY.RIZ.A planeia organizar um competitivo leilão público, com o objetivo de garantir novas frequências de canais de televisão, de uma forma transparente.
Vários deputados do SY.RIZ.A colocaram ênfase especial no termo “transparência” para demonstrar que as suas políticas representam um rutura com o estigmatizado passado. Como argumentou Pavlos Eleftheriadis, Professor Associado de Direito na Universidade de Oxford, “Atenas nunca permitiu que as estações de televisão competissem de forma justa pelas frequências dos canais, nem as submeteu a uma regulamentação básica”.
O triângulo do poder da Grécia: media, negócios e política
A Reuters foi a primeira das agências de notícias internacionais a revelar detalhes sobre o “triângulo de poder” grego por detrás da crise: media, negócios e política. Os críticos desta poderosa elite, incluindo George Pleios, Professor de Estudos de Media da Universidade de Atenas assegura que algumas empresas de media gregas conseguem facilmente empréstimos, dos bancos, que não podem ser pagos a médio-prazo. Estas empresas também recebem publicidade de bancos e empresas públicas.
Em troca destes favores financeiros, as empresas de media oferecem uma cobertura amigável e tendenciosa que vai ao encontro dos interesses do “triângulo do poder”, como reivindicou recentemente o Eurodeputado do SY.RIZ.A Dimitris Papadimoulis, numa entrevista a um dos mais importantes órgãos de comunicação social gregos, o canal de TV Mega Channel.
Os planos do SY.RIZ.A para desafiar a oligarquia da imprensa e lutar contra a corrupção
O objetivo inicial da política do SY.RIZ.A para os media é lutar contra os chamados oligarcas da imprensa. Esta política encontra-se em sintonia com as suas promessas pré-eleitorais, mas o SY.RIZ.A acredita pode ir mais além. E planeia aumentar as receitas públicas e ajudar a financiar a economia nacional, acabando com a corrupção e evasão fiscal, ambas comuns no setor mediático grego. Num recente artigo no Financial Times, George Stathakis, o Ministro da Economia afirmou: “o Estado ganharia mais de cem milhões de euros através deste processo”.
Como parte de seu programa de anti-corrupção, o SY.RIZ.A vai procurar controlar as políticas de crédito dos bancos para evitar, ou bloquear, o apoio financeiro a empresas de comunicação social altamente endividadas.
Os jornalistas gregos estão divididos quanto às reformas planeadas pelo SY.RIZ.A
Atualmente, os jornalistas gregos estão divididos quanto às reformas planeadas pelo SY.RIZ.A. alguns acreditam que o Governo será bem-sucedido, mas outros não concordam. Apesar de ser essencial reconsiderar o modus operandi dos media gregos, a estrada vai ser longa e difícil de percorrer. Mesmo que o SY.RIZ.A tenha vontade política para avançar – ao contrário dos Governos anteriores – as políticas económicas que têm em desenvolvimento implicam um risco maior para o país.
Empresas de media gregas lutam para sobreviver num ambiente económico difícil
As empresas de media gregas – incluindo os jornais e redes online – lutam para sobreviver num mercado competitivo e restrito. Se Grécia falhar no cumprimento das suas obrigações internacionais e concordar com os seus credores, há o risco de a situação se deteriorar ainda mais. As empresas privadas – sobretudo dos sectores industrial e das telecomunicações – que atualmente compram publicidade, encontram-se relutantes em continuar a fazê-lo sob as atuais condições económicas.
A falta de publicidade do setor privado poderá significar que o SY.RIZ.A fique preso num labirinto. A sua prometida agenda reformadora poderá ter de ser adiada uma vez que mesmo as empresas de media mais sustentáveis serão forçadas a ter liquidez para cobrirem os seus custos.
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