Seis regras para editores que querem inovar e continuar com o seu trabalho diário

Setembro 9, 2016 • Jornalismo, Últimas • by

Os editores estão frequentemente tão ocupados com o trabalho do dia-a-dia que não têm tempo para se concentrarem no futuro das suas organizações, naquilo em que querem que elas se transformem. No entanto, ninguém pode negar que as empresas de media precisam de inovação. Perguntei a editores de várias redações Britânicas como combinam o seu trabalho do dia-a-dia com inovação. Desse trabalho resultou o que se segue.

Durante a última década “inovação” tem sido uma buzzword nas redações de todo o mundo. No entanto, quase ninguém nega que as empresas de media precisam inovar para que possam continuar ser relevantes para as suas audiências.

O problema com a inovação nas redações não seja tanto um problema de falta de consciencialização ou estratégia, mas sim de falta de capacidade de implementação de uma estratégia inovadora. Isto advém em grande escala do facto de as pessoas mais importantes para a a estratégia de implementação, os editores “intermédios”, estarem consumidos pelas suas tarefas diárias e mal equipados para liderar processos de inovação. E eu sei isso porque sou um deles.

No passado ano académico tive a oportunidade de estar no Reuters Institute for the Study of Journalism, em Oxford, e de me concentrar em como poderemos superar este problema. Simplifiquei a minha tarefa transformando-a na combinação do trabalho diário do jornalismo com a capacidade de liderar um processo de inovação.

Ao falar com editores de várias redações Britânicas (incluindo o Independent, o Guardian, Buzzfeed e o Evening Standard) e referindo a minha bolsa na área da gestão da criatividade retirei seis lições que qualquer editor ou responsável editorial deve ter em conta.

Elas são exaustivamente apresentadas e discutidas no meu paper “How to Lead Innovation and Still Keep Your Newsroom Working“, mas aqui fica uma versão mais sucinta.

1. Pense em grande. Fiquei surpreendido ao perceber que quando confrontados com questões sobre inovação a maior parte dos editores referiam novas ideias para histórias ou campanhas – ou seja, coisas que já faziam. Parece que o trabalho do dia-a-dia aprisiona a nossa imaginação e temos de tentar ver de de forma mais consciente as oportunidades que a nossa organização pode ter.

2. Conheça os seus pontos fortes e a sua audiência. O facto de as empresas de media se poderem transformer em qualquer coisa, não significa que o devem fazer. Elas precisam saber o que são e para quem o são. Como disse um editor do Guardian, não lhes interessa estar a publicar uma história infindável sobre o Justin Bieber; em vez disso nomearam um correspondente a tempo inteiro para a área da imigração porque “nós sabemos que há um grande interesse neste assunto, e conhecemos a nossa marca”.

3. Priorize. Quanto tiver dominado o segundo ponto tem de escolher qual vai ser o foco da sua energia. E isto também se aplica aos recursos pessoais, porque agora tem mais para fazer que antes, por isso é preciso deixar alguma coisa para trás. É necessário que aprenda a gerir o seu tempo, como salientou um dos entrevistados.

4. Respeite a autonomia. Abdicar de algum do seu controlo também vai trazer outros benefícios. Numa velha empresa de media quase toda a gente se limitava a seguir as ordens que eram dadas, mas num ambiente onde a diferenciação e a inovação são chave, é necessário reconhecer o talento e conhecimento do seu staff deixando-os trabalhar. “Contribui para que seja feito um melhor jornalismo, para uma melhor distribuição e uma melhor relação com os leitores”, como afirmou um editor de um órgão de comunicação social digital.

5. Interesse-se pelo progresso do seu staff. A formação é um imperativo para cultivar uma cultura onde aprender novas competências é encorajado e esperado. Fiquei de certa forma consternado quando me apercebi que a maior parte dos editores com quem falei achavam que os jornalistas eram intrinsecamente interessados em aprender coisas novas. Mas ao contrário, eu acredito que os jornalistas são como todas as pessoas, com tendência para cair no conforto da repetição daquilo que já conhecem e por isso é importante criar uma cultura de progresso e de aprendizagem.

6. Simplifique, comunique, ouça e repita. Ser simultaneamente inovador e eficiente não funciona sem metas bem claras, e mesmo as metas mais claras não funcionam se elas não forem comunicadas convenientemente. Como afirmou um dos entrevistados, a chave é “comunicação implacável do que realmente interessa, explicando o porquê”. Para além disso, “não é suficiente fazer funcionar a comunicação vertical, aqueles que gerem uma redação têm de se assegurar que a comunicação horizontal também funciona”.

How to Lead Innovation and Still Keep Your Newsroom Working

Créditos Foto: Flickr Creative Commons, Alex Gamela

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