Em novembro de 2014 a revista Rolling Stone publicou uma história sobre uma violação em grupo no campus da Universidade de Virgínia (“A rape on Campus”), que acabou por não estar correta. A reação da revista a esta falha profissional é admirável. Em vez de justificar o seu trabalho uma vez e outra, pediu a prestigiados investigadores da Universidade de Columbia que analisassem o caso na sua perspetiva: O que correu mal? Quais as razões por detrás do que aconteceu? Como evitar este tipo de falhas no futuro? E o que aprender com este caso para a cobertura de casos de violação em geral?
A 4 de abril os investigadores publicaram o seu relatório. Para o realizar puderam aceder à redação e a todo o material de pesquisa da autora. O relatório confirmou que a autora, Sabrina Rubin Erdely, trabalhou corretamente e não inventou factos. Mas foram encontradas falhas profissionais que exigiam uma postura ética crítica e poderiam ter sido evitadas.
As falhas: A autora estava firmemente convencida pela história da vítima, a quem chamava “Jacky”. Esqueceu-se de questionar a sua versão e não contactou testemunhas importantes. Os responsáveis da redação por verificar os factos acreditaram na pesquisa da autora e não intervieram nalguns dos pontos críticos. E a redação? Obviamente acreditou que a história era plausível: adequava-se perfeitamente ao seu quadro noticioso sobre a decadência das universidades de elite que permitiria este tipo de acontecimentos.
Sem dúvida que a versão da Rolling Stone foi um falhanço jornalístico. No entanto, isto não quer dizer que não tenha acontecido alguma coisa – os investigadores apontam para a investigação policial em Charlottesvill que concluiu, após interrogar 70 testemunhas, que não foram encontradas quaisquer provas – nem que o assédio sexual nas universidades não deva ser alvo de investigação.
Para além disso, outras organizações podem lucrar com os resultados do trabalho de pesquisa. E mesmo que a Rolling Stone não tivesse muita escolha para além de «agarrar o touro pelos cornos», a forma como a redação e o editor lidaram com o seu falhanço é um exemplo de boas práticas.
Traduzido para inglês do site alemão do EJO em 14 April 2015, por Judith Pies.
Tradução para o site português da versão inglesa.
Literatura:
Coronel, Sheila/Stephe Coll/Derek Gravitz (2015) Rolling Stone’s investigation: A failure that was avoidable. In: Columbia Journalism Review on April 5, 2015.
Tags:Best Practice, Ethics, Rolling Stone